Internet e Bitcoin: controle da sociedade ou autonomia mais consolidada?
No livro “Redes, libedades e controle: uma genealogia política da internet”, p. 24, Benjamin Loleluck diz que a cibernética, que é a ciência base de toda a internet, “articula com vigor a maneira como adquiriu uma posição central no devir biológico, tecnológico e social da humanidade, outorgando-lhe, assim, um potencial político intrínseco na medida em que a informação é fonte de poder: de acordo com o modo como é utilizada, ela pode servir para o controle da sociedade ou ser posta a serviço de uma autonomia consolidada”.
Nessas poucas palavras, Loveluck nos demonstra que a tecnologia fundamental da internet e, portanto, do Bitcoin, pode ser usada para o bem ou para o mal em sentidos sociais. Isso não é (ou não deveria ser) novidade para ninguém, mas deve ser reenfatizado como alerta contra um pessimismo ou otimismo fora da realidade da parte dos adeptos das moedas digitais.
Há aqueles que acreditam, de acordo com teorias da conspiração, que as moedas digitais são obra das “elites” governamentais e financeiras do mundo para tornar o dinheiro digital e assim rastrear a taxar todas as transações entre as pessoas de forma geral para propósitos malignos. Nesse lado negativo da apreciação desse fenômeno, há também aqueles que só conseguem ver perigo, golpes e medo nesse universo.
No exato lado oposto dessa tendência, há aqueles que pensam que a tecnologia da Blockchain trará absoluta transparência, honestidade e prosperidade para a sociedade de maneira sem precedentes. A corrupção será erradicada, todos terão abundância de recursos financeiro para se tornar ricos e desfrutarem de tudo o que o dinheiro pode proporcionar.
As duas visões falham em avaliar as perspectivas presentes e futuras de forma muito radical e pouco equilibrada. É imensamente mais provável que os dois cenários se mesclem de tal forma que essa tecnologia sirva para o mal, para aqueles que a utilizarem para tal, e para bem para os que se dedicarem a tirar dela o que é bom. Como qualquer outra tecnologia, a internet e o Bitcoin são meios para se atingir as finalidades humanas em toda a sua amplitudade de mal e de bem.
A cibernética, vista como a ciência da informação, tem oferecido às pessoas a capacidade de articular suas ideias e pretensões de forma a adquirir amplas implicações políticas tendo em vista que informação é poder. O desenvolvimento das pessoas e sociedades tem sido bastante afetado em função dos avanços na área computacional e o Bitcoin é um desses elementos centrais de disrupção e transformação. Nem todos frutos desse revolução serão bons, essa tecnologia é e será usada também para o mal. Há o temor, inclusive, de que ela venha a ser usada para cerecear a liberdade das pessoas.
Por outro lado, o potencial positivo e libertador do Bitcoin é enorme e pode trazer às pessoas maior maturidade e poder em termos de resguardar suas próprias decisões financeiras num sistema descentralizado. Dessa forma, a autonomia das pessoas pode ser fortalecida e assim uma sociedade mais forte nascerá dessa revolução.
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